A função primordial do arquiteto é elaborar projetos que atendam às necessidades e limitações dos usuários. Se, no passado, os conceitos de “usuário” eram baseados em um padrão, hoje já entende-se que o ser humano tem características específicas e únicas que devem ser levadas em consideração no desenho de prédios e outras edificações. A arquitetura inclusiva é um reflexo disso.
Ao longo deste artigo, você poderá expandir seus conhecimentos sobre esse tema e entender sua importância, além de ser apresentado às normas para aplicação desse conceito no Brasil. Continue a leitura e depois comece a aplicar esses aprendizados nos seus projetos!
O que é a arquitetura inclusiva?
A arquitetura inclusiva está diretamente relacionada com o conceito de Desenho Universal, ou seja, a ideia de que toda a estrutura das construções e seus equipamentos devem poder ser utilizados por todas as pessoas, independentemente de idade, gênero e características físicas, sem que seja preciso fazer adaptações.
O objetivo da inclusão é tornar a vida de quem tem necessidades especiais — mesmo que de forma temporária — mais fácil e simples. Projetar espaços dessa maneira passa, portanto, por avaliar cada pequeno obstáculo que pode ser evitado para não gerar dificuldades e constrangimentos para pessoas com deficiência.
A arquitetura inclusiva deve ser aplicada em espaços externos, internos e até mesmo nos instrumentos e matérias-primas utilizadas nas construções. De acordo com o IBGE, o Brasil tem mais de 45 milhões de deficientes e 30 milhões de idosos, números bastante significativos.
Infelizmente, ainda não é incomum que um ambiente que deveria ser público (como um teatro) tenha acesso apenas por escadas, fazendo com que uma pessoa cadeirante precise ser levada no colo ou, o que acontece com muita frequência, desista de frequentar aquele espaço.
Impactos da arquitetura inclusiva
A criação de projetos inclusivos traz um impacto muito positivo para a sociedade: o de aumentar a diversidade nos espaços e possibilitar o acesso, o conforto e a dignidade de todos os cidadãos aos ambientes.
Você já ouviu falar em capacitismo? Esse conceito se refere ao conjunto de palavras e ações que promovem a discriminação de pessoas com deficiências de qualquer tipo, o que inclui a falta de cuidado com os ambientes para recebê-las.
Unir arquitetura e acessibilidade, portanto, é uma forma de combater o capacitismo e integrar, cada vez mais, essas pessoas à sociedade — que também é delas.
O que deve ser considerado em um projeto de arquitetura inclusiva
Uma equipe que vai planejar um espaço pensando em acessibilidade e inclusão deve pensar, primordialmente, em seus usuários. No caso de um espaço particular e privado, é importante ir um pouco além da situação atual dos moradores e usuários, pensando nas eventuais transformações e necessidades futuras.
Já no caso de um espaço público, para além de atender à legislação vigente, é essencial levar em consideração:
- se o maior número de pessoas conseguirá explorar o espaço com independência e autonomia;
- se os usuários terão uma experiência confortável e segura;
- todas as necessidades de uso do espaço;
- qualquer obstáculo que pode ser evitado.
Aplicação e normas da arquitetura inclusiva no Brasil
A legislação brasileira conta com algumas normas para garantir a acessibilidade às edificações, mobiliário e espaços urbanos. A NBR 9050/2004 traz referências, definições e parâmetros, desde dados sobre a área para manobra de cadeiras de rodas até tipos de sinalização e legibilidade. Ela aborda tudo o que você precisa saber para criar um projeto acessível.
Algumas das boas práticas para arquitetura inclusiva são:
- sinalização em braile para botões e placas;
- piso com sinalização tátil;
- corredores, elevadores e portas pensados para atender pessoas com mobilidade reduzida;
- pisos antiderrapantes;
- interruptores e botões em altura acessível;
- circulação livre de barreiras;
- corrimãos e barras de apoio;
- estacionamentos reservados para gestantes, idosos e pessoas com deficiência, posicionados mais próximos às entradas.
Para entender a amplitude da arquitetura inclusiva e suas diversas possibilidades de aplicação, é essencial fazer a leitura da norma ABNT 9050 que regulamenta essas práticas.
As novas tendências em arquitetura são muito mais do que tendências, são respostas efetivas a demandas essenciais para a nossa vida em sociedade. Agora que você já entendeu mais sobre arquitetura inclusiva, aproveite para ler o nosso artigo sobre o conceito de Green Buildings e veja como aplicá-lo em seus projetos para torná-los mais sustentáveis.